Há muito tempo que os ciganos vêem e usam as energias místicas naturais para atingir seus objetivos, mas sem cair no estabelecimento de uma religião sexista, pois os ciganos são, antes de tudo, unidos por sua sabedoria e tradição. Em várias magias ocorre a invocação das forças naturais como os elementais (ar, água, fogo, terra) usadas para os mais diversos fins. Isso é mostrado por Leland em vários encantamentos nos quais não só as forças dos elementos, mas dos rios e paragens, são utilizados pelos ciganos para curar queimaduras de criança ou para achar coisas perdidas e roubadas. Além, é claro, das simpatias e amuletos ciganos, comentado, nos livros de Buckland e Pierre Derlon.
Para o "povo da estrada", a própria Terra é um lugar sagrado e mágico, contudo distante das visões do teo-matriarcalismo wiccano. Observando o mundo à sua volta e unindo a sabedoria dos seus anciãos, eles aprenderam a ler a sorte e conhecer o futuro nas mãos e no rosto das pessoas, e ganharam notoriedade fazendo isso, principalmente pelos acertos que obtêm. Para eles, esse é um dom natural que remete às antigas artes védicas da quiromancia e fisiognomonia.
A magia é algo que não é para ser aprendido pelo cigano, mas faz parte do seu dia-a-dia. Desde o ar que respira à sua comida, da água que sacia a sede aos animais que o acompanham em sua jornada pelas várias estradas em que segue a sua eterna peregrinação, tudo é magia. E algumas vezes determinados eventos levam ao surgimento de pessoas que se sobressaem: as bruxas e feiticeiros ciganos. Todo cigano que se preze sabe um pouco da magia de seu povo, e entre os ciganos obviamente existem aqueles que nascem com determinados dons, revelados por meio de marcas no corpo e por meio de certas coincidências na vida dessa pessoa. Quando isso ocorre, ela é preparada para assumir as responsabilidades que fazem parte do seu destino.
As mulheres são conhecidas em alguns grupos como sh'uvanis, e os homens como kakus. São pessoas especiais que têm, entre os vários dons que possuem, a capacidade de prever o futuro e de curar doenças para as quais a medicina não encontra respostas. É a eles que os ciganos recorrem quando precisam de aconselhamento, uma vez que, segundo suas crenças, essas pessoas especiais estão em contato direto com “A Fonte”. Apesar da profunda crença nas forças mágicas e nas leis espirituais, o povo cigano é um profundo conhecedor e devoto dos santos católicos, aos quais dedicam uma atenção especial. Mas nada é tão especial e mágico para um cigano como o culto a Sara Kali.
A mulher cigana precisa estar sempre energizada, então anda descalça para ter maior contato com a terra e, assim, fortalecer o seu corpo. A mulher é considerada o alicerce da família e sua responsabilidade aumenta mais quando tem um filho. Não ser mãe é um pecado quase que mortal para a mulher cigana.
Os ciganos preservam e usam muito os quatro elementos fundamentais da natureza – Terra, Fogo, Água e Ar – nos seus rituais. Para eles, o Fogo é muito importante, porque queima a negatividade e ilumina a positividade. Um objeto que concentra os quatro elementos e que é muito usado por este povo é a vela. A Água e a Terra são representadas pela cera e o pavio. O Fogo é a chama e o Ar (oxigênio) a mantém viva (acesa).
Além da Quiromancia (leitura das mãos), as ciganas podem exercitar a vidência através de vários objetos como pedras, moedas, borra de café, copo d’água, bola de cristal, jogos de carta e Tarô. Os ciganos acreditam que Belkarrana (deuses) os colocou no mundo para praticar o dom da adivinhação com a finalidade de ajudar seus semelhantes. Mas são as ciganas que mais exercem esse privilégio. Aos sete anos, elas aprendem a ler a sorte e depois de mais de sete anos seguidos, elas saem às ruas para atender as pessoas. As ciganas transmitem energia pelo olhar e recebem a mensagem das pessoas pelo olho místico, que se encontra localizado no meio da testa e na palma da mão. Esse dom da adivinhação não é usado somente para prever o futuro, como também para detectar algum problema de saúde. Para manter esse dom, a mulher cigana não deve nunca cortas os cabelos porque,ao faze-lo, terá sua força energética diminuída.
No casamento são usados os mesmos símbolos do noivado: os dois punhais, o lenço vermelho, vinho, pão, sal e uma taça de cristal. O vinho é para garantir a alegria permanente do casal, o pão e o sal representam a união, a taça de cristal é para que a harmonia se mantenha presente e o punhal serve para a comunhão do sangue.
No acampamento tudo é agitação... os homens montam a fogueira, preparam o vinho e afinam seus violinos e acordeons. As mulheres enfeitam as mesas, carroções, preparam suas roupas, pandeiros, fitas, lenços... No ar, o delicioso aroma de suas receitas especiais espalha por todo lado o cheiro de festa. A noite será longa... os ciganos se reúnem mais uma vez, para comemorar... a vida!!!"
A tradição cigana é cheia de mistérios e um dos mais facilmente reconhecido é o mistério da dança, que junto com a música desse povo...Enfeitiça... A dança para os ciganos é uma forma de liberar as emoções interiores, de dar vazão aos sentimentos e intimas necessidades através de movimentos corporais. Ou porque esta feliz e quer festejar, brincar e se divertir, ou porque esta querendo agradar e agradecer aos deuses.
O bater das castanholas, do som das palmas que espantam a negatividade. Este é o verdadeiro dançar da alma. O homem quando dança com as mulheres apenas reforça, com a sua presença as figuras femininas, pois é uma proteção para elas. Os ciganos dançam nas festas, a dança é livre, sem regras. Cada um se diverte como quer, nunca se esquecendo o recato, os limites entre homens e mulheres.
Os movimentos observados na dança cigana são resultantes da sua influência indiana, onde o girar das mãos, a inclinação da cabeça e a postura ereta chamam atenção. Os movimentos são baseados da cintura para cima, meneios de ombros, inclinação da cabeça, giro de punhos e mãos, postura ereta, braços à frente do corpo ou acima da cabeça e movimentos que completem sempre círculos (para os ciganos a vida é um ciclo). A dança como forma de oração por si só, se basta. É importante dizer que como trabalhamos o tempo todo com as energias da natureza e a nossa própria, devemos respeitar seus significados e ter responsabilidade com que o que pedimos e queremos representar, pois a dança cigana é um ritual, assim seus pedidos podem ser atendidos.
Dizem o antigos, que os ciganos dançam para atingir o êxtase do fluido energético que os levam de encontro com a verdadeira essência da Deusa e do Deus interior e superior. Por isso, dificilmente, os ciganos fazem coreografias; dançam soltos e livres, colocando em cada movimento suas emoções. A graça está em cada pessoa ouvir a voz do seu coração e permitir que se conduza levemente, tranqüilamente, pois só dessa maneira, consegue sentir sua alma. A dança é a magia, e a alegria de nosso povo, o mistério através dos passos e movimentos que saúdam, invocam e fazem Fluir a mais bela e elevada vibração energética!
Para o cigano, os movimentos de braços e de mãos descrevem os sentimentos mais profundos em relação a cada tema executado. Conforme o sentimento a ser passado pela dança interpretada, as mãos e os braços desenham coreograficamente símbolos que traduzem cada emoção implícita no estilo, executado. Como por exemplo: a rotação de mãos para fora traduzem a doação da energia interior transmitida à terra, a outrem e ao cosmo. Quando a rotação é realizada para dentro, traduzem o recebimento ou à busca da energia vinda da terra, de outrem ou do mundo divino. Os movimentos circulares traduzem em sua maioria, as energias ou sentimentos em movimento, em ação contínua. Os movimentos mais retos simbolizam em sua maioria, as ações diretas ou finalizadas.
A dança cigana caracteriza a ligação e a comunhão do Homem com o Divino. Expressam os sentimentos mais profundos para com os seus e para com o mundo considerado sagrado. Dentre os ritos de maior importância, temos: Culto aos Antepassados, Slavas, Casamentos, batizados e outros. É importante sabermos que pela intimidade em que se caracteriza o Culto aos Antepassados, essa categoria não é levada à cena a não ser de forma estritamente estilizada, assim como alguns outros estilos pertencentes a essa categoria. Sendo interpretadas com autenticidade somente nos lares ciganos, em festas consideradas íntimas.
Apesar dos ciganos não terem uma religião propriamente dita (como povo nômade, sempre absorveu os costumes dos povos visitados...) existe toda uma tradição de Mistérios entre nossas práticas. Muito se fala sobre os ciganos e pouquíssimo se conhece. Existe uma profunda correspondência entre o paganismo ocidental e a cultura cigana.
Uma vez por ano, ciganos de diversas partes do mundo se dirigem até Saintes-Maries-de-la-Mer, no sul da França, para homenagear Santa Sarah. Segundo a tradição, Sarah era uma cigana que vivia em uma pequena cidade à beira-mar quando a tia de Jesus, Maria Salomé, chegou ali com outros refugiados para escapar das perseguições romanas. Apesar de hoje existirem ciganos cristãos, a grande maioria ainda mantém o culto ao divino casal, Devel e Kali (respectivamente o deus e a deusa). Uma das manifestações dos deuses é Belkarrana, uma divindade andrógina, em romani significando deus bom. Mas como as primeiras caravanas ciganas entraram na Europa por volta do século XV, muitos de nossos costumes foram também camuflado. Um exemplo disse é o culto a "Santa" Sara Kali.
É fácil identificar Sarah como mais uma das muitas virgens negras que podem ser encontradas no mundo. Sara-la-Kali, diz a tradição, vinha de uma nobre linhagem e conhecia os segredos do mundo. Seria, no meu entender, mais uma das muitas manifestações do que chamam a Grande Mãe, a Deusa da Criação.
fonte: blogs abril
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