terça-feira, 7 de junho de 2011

O NOMADISMO CIGANO

Baseando-se nas mesmas causas dos movimentos migratórios na história de vários povos, podemos supor que num passado muito remoto, o povo cigano também iniciou uma caminhada em busca de novas terras onde pudessem viver com liberdade, mantendo seus hábitos e costumes originais, liberdade que lhe permitiria sua perpetuação, a sobrevivência de seus valores e a de seus direitos como seres humanos livres

O nômade experimenta o mais amplo sentido de liberdade. Não tem apego a nenhum lugar em especial, não deita raízes que não possam ser arrancadas quando o desejo de ganhar estrada acontecer. Daí que suas moradias, as tendas de tecidos permeáveis e resistentes, e seus pertences em geral, devem ser confortáveis, mas essenciais e leves. O nômade não se preocupa com o possuir, mas com o viver.

As populações ciganas são nômades por excelência, não têm pátria, são universais. Viajam em grupos de famílias, que possuem um profundo sentido de união, solidariedade e companheirismo. Formam núcleos comunitários compactos com normas e regras de convivência harmoniosas. Essas regras são levadas a sério, portanto respeitadas ao máximo, pois os ciganos sabem que são elas que garantem a união e a sobrevivência do próprio grupo e a defesa contra as difamações e perseguições oriundas das populações dos diversos países por onde passam.

Para os ciganos a liberdade e a interação com a natureza constituem bens do mais alto valor e estima, o que os motiva a obedecerem à um código de ética e moral até rigoroso. Nada mais enganoso que julgá-los estroinas, devassos, desregrados ou amorais. Seu amor pela família e pelo grupo, sua consciência que é o seu reto proceder - talvez a única forma de preservar e perpetuar suas origens e o próprio povo. São obedientes às leis universais, como não roubar e não matar.

Entre os Rom a máxima autoridade judiciária é constituída pelo krisnítori, isto é, por aquele que preside a kris. A kris é um verdadeiro tribunal cigano, formado por ciganos idosos ou pelos membros mais velhos do grupo e se reúnem em casos especiais, quando se deve resolver problemas delicados como controvérsias matrimoniais ou ações cometidas com danos para membros do mesmo grupo, procurando exercer seu papel com o mais alto sentido de responsabilidade e respeito. O kris-romani é falado totalmente em romani, e nele somente os homens podem se manifestar. No caso de o infrator ser uma mulher, um homem fala por ela fazendo seus apelos e oferecendo suas explicações ou justificativas.

Recentemente, a controvérsia se resolve, em geral, com o pagamento de uma soma proporcional ao tamanho da culpa, que pode chegar a vários milhares de dólares; no passado, se a culpa era particularmente grave, a punição podia consistir no afastamento do grupo ou, às vezes, em penas corporais.

Junto com a modernidade, o aumento progressivo das cidades, os ciganos foram ficando cada vez mais limitados em suas andanças, tornando-se mais sedentários ou passando a morar mais tempo no mesmo lugar. Assim as profissões mais freqüentes são as do comércio e as ligadas às artes, principalmente à musica. Cantores, compositores, músicos, dançarinos, surgem com suas melodias, passos marcantes de dança trazendo alegria e energia contagiantes para os recintos onde se apresentam.

Ao longo do tempo fizeram e ainda fazem parte de trupes circenses, uma vez que o mundo do circo sempre mudando de lugar, combina perfeitamente com o pensamento e sentimento ciganos. A leitura de cartas e das mãos pelas mulheres ciganas também rende dinheiro, porém essa atividade não é considerada uma atividade profissional, mas um ato de devoção à fé cigana.

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